Não faz muito tempo, analisei o Anbernic RG ARC. Disponível em uma combinação de cores inspirada no Saturno e com um layout de botões baseado no icônico controle desse console, estava prestes a se tornar meu sistema dos sonhos – até que ficou claro que não conseguia rodar jogos de Saturno corretamente e seu D-pad apresentava sérios problemas de fabricação que só se tornaram evidentes com o tempo. Fiquei bastante desapontado, pois o Saturno é um dos meus consoles favoritos.
Você pode imaginar, então, minha empolgação quando a Retroid anunciou o Pocket Classic 6, um portátil de emulação ao estilo Game Boy que não só oferece a capacidade de rodar praticamente todos os jogos de Saturno na velocidade máxima, mas também apresenta um layout de seis botões – e está disponível em uma combinação de cores que imita a do Saturno japonês.
Com um poderoso chipset Snapdragon G1 Gen2 (desenhado especificamente para portáteis) e uma deslumbrante tela AMOLED de 3,92 polegadas com uma resolução de 1240×1080, o Retroid Pocket Classic 6 oferece especificações impressionantes pelo seu preço relativamente modesto de R$ 120 (referente à versão com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento; o modelo com 6GB de RAM e 128GB custa apenas R$ 10 a mais e, em minha opinião, é a melhor escolha).
Outra variante está disponível com uma configuração de quatro botões mais convencional, mas, como um fã ardente da Sega, naturalmente me inclinei para a opção de seis botões (também disponível com a combinação de cores do Genesis).
Em termos de formato, este portátil se assemelha bastante ao Game Boy, o que o torna similar a dispositivos como o AYANEO Pocket DMG e o Analogue Pocket. O Retroid Pocket Classic 6 parece um pouco menor do que esses modelos, porém possui um contorno traseiro mais pronunciado.
Não tenho mãos grandes, mas achei o dispositivo um pouco pequeno; a saliência na parte de trás ajuda na aderência, no entanto, definitivamente não o considero desconfortável de usar. O D-pad, apesar de não ser um ‘verdadeiro’ pad do Saturno, é decente; não notei nenhum problema com diagonais falsas e consegui jogar jogos de luta 2D muito bem. A configuração de seis botões é um pouco menor do que a do controle original do Saturno, o que pode dificultar a pressão em cada botão (especialmente a fileira X, Y e Z), e eles são bem ‘clicantes’. No entanto, nada disso impede que cumpram suas funções – em resumo, os controles são ótimos.
Já a tela é ainda mais impressionante. Sendo um painel AMOLED, garante cores vibrantes e excelente contraste, e a proporção da tela faz com que os jogos de Game Boy pareçam maravilhosos. Outros jogos podem apresentar bordas na parte superior e inferior da tela, mas isso não é um grande problema ao jogar títulos de 8, 16 e 32 bits.
Devido ao seu processador decente em conjunto com o Android 14, o Retroid Pocket Classic 6 é uma boa plataforma para emulação. Ele consegue rodar tudo até (e incluindo) jogos de GameCube e PS2 muito bem, mas para mim, o verdadeiro atrativo aqui é a configuração de seis botões, que torna este dispositivo o ‘Saturno portátil’ que eu esperava.
Utilizando o excelente emulador de Saturno de Robert Broglia, o Retroid Pocket Classic 6 conseguiu rodar todos os jogos de Saturno que testei. Além disso, consegui desativar completamente o frame skip e obter desempenho na velocidade total, mesmo em jogos como SEGA Rally e Panzer Dragoon Saga. A configuração de seis botões também é perfeita para títulos do Sega Genesis / Mega Drive; os títulos mais antigos utilizam apenas a fileira inferior A, B e C, mas há alguns jogos do Genesis que utilizam os seis botões.
O grande problema é que o Retroid Pocket Classic 6 não possui um único stick analógico, o que torna jogar títulos de GameCube, Dreamcast, N64 e PS2 muitas vezes complicado. Existe também o problema menor de que a configuração de seis botões não é ideal para sistemas como SNES e PS1, mas isso não é algo insuperável – apenas significa que os botões Z e C não são utilizados.
Além disso, não estou completamente convencido quanto aos quatro botões de ombro localizados na parte traseira do dispositivo; é possível alcançá-los facilmente durante o uso, mas nunca parecem estar na posição correta. Por último, o alto-falante mono do sistema tem bom volume, mas gostaria de ter visto alto-falantes estéreo em um dispositivo desse tipo. No lado positivo, há uma entrada para fones de ouvido de 3,5mm na borda superior, e você pode conectar fones via Bluetooth.
Outra grande vantagem do Pocket Classic 6 é que ele utiliza o próprio launcher da Retroid, que é um dos melhores do mercado para organizar seus jogos e encontrar capas e capturas de tela. O processo é um pouco complicado, mas uma vez que você se acostuma, sua biblioteca de ROMs ficará colorida e atraente — certamente muito mais interessante do que uma simples lista de nomes de jogos. Você pode, claro, instalar um launcher alternativo se preferir.
A bateria de 5000mAh oferece entre cinco e dez horas de uso, dependendo do tipo de emulação que você estiver realizando. Jogos de Game Boy e NES vão demandar menos energia do que títulos de PS2 e Saturno, por exemplo, mas nunca senti que o Retroid Pocket Classic 6 estava com dificuldade quanto à autonomia – e ainda conta com carregamento rápido.
Testei muitos portáteis de emulação, e hoje em dia é preciso algo realmente especial para me impressionar, mas o Retroid Pocket Classic 6 faz exatamente isso. É claro que tenho uma certa preferência por seu formato – as cores e a configuração de seis botões me atraem como fã da Sega – mas não há como negar que este dispositivo possui um grande poder em termos de emulação, tudo apoiado por um ótimo launcher personalizado, uma tela AMOLED vibrante e uma bateria excelente.
Com um preço inicial de R$ 120, representa um valor impressionante pelo que oferece, e embora não seja perfeito – os botões poderiam ser mais silenciosos e a falta de qualquer entrada analógica faz com que alguns jogos fiquem fora de alcance – estou feliz em admitir que estou completamente apaixonado por este portátil.
Tela incrível
Processador poderoso
A configuração de seis botões é um sonho para os fãs da Sega
O launcher da Retroid é um dos melhores do setor
Sem entrada analógica
Botões são barulhentos
Tamanho pequeno pode representar desafios para jogadores com mãos grandes