Análise do Analogue 3D: A Melhor Maneira de Jogar Nintendo 64?
A espera pelo clone do N64 baseado em FPGA da Analogue foi longa. Anunciado em 2023, o Analogue 3D passou por vários atrasos, fazendo alguns céticos acreditarem que poderia se tornar vaporware. No entanto, após uma semana testando o aparelho, posso confirmar que o Analogue 3D é muito real – e simplesmente impressionante. Mas será que vale a pena gastar $250 por ele, especialmente quando a emulação de N64 já está disponível no Switch e existem outras maneiras de jogar esses clássicos em 2025? Vamos descobrir…
Análise do Analogue 3D: Hardware
Embora o Analogue 3D mantenha algumas características do design do console N64 da Nintendo, ele tem sua própria identidade nos detalhes. A primeira coisa que se nota é seu tamanho reduzido, uma mudança bem-vinda, já que o N64 sempre pareceu um pouco volumoso. O botão de ligar e o botão de reset estão posicionados no mesmo lugar, mas em um ângulo ligeiramente diferente, dando um visual exclusivo. As quatro portas para controle na frente estão mais próximas umas das outras, uma mudança possível graças à ausência do painel frontal típico do N64.
Na parte inferior, o Analogue 3D conta com um revestimento emborrachado para evitar escorregões e, na traseira, você encontra diversas portas USB e um slot para cartão SD. Além disso, há um ventilador interno para resfriamento e aberturas para a circulação de ar. Em termos de aparência, o Analogue 3D combina perfeitamente com os outros consoles da empresa, que sempre tiveram um charme estético. O modelo que recebi é preto fosco, mas uma versão branca também está disponível. Quem sabe a Analogue não lance outras cores, como fez com o Pocket?
Análise do Analogue 3D: Controle 8BitDo 64
O Analogue 3D não vem com um controle, mas a empresa se uniu à 8BitDo para criar um controle que é totalmente compatível com o console. O 8BitDo 64 segue a linha “Ultimate”, mas os fãs mais fervorosos do N64 notarão imediatamente que ele não possui o icônico design de três garras do controle original da Nintendo. Apesar disso, todos os outros botões necessários estão perfeitamente integrados, com A e B sendo maiores em relação ao conjunto de botões C, e o botão de Start sendo fácil de localizar.
Existem também três botões adicionais – Screenshot, Minus e Home – que oferecem diversos recursos. O botão Screenshot é voltado para o Switch, e o botão Minus traz um sub-menu que permite alternar entre o Controller Pak virtual e o vibrador interno do controle. O botão Home permite acessar o menu “3Dos” do console, onde você pode ajustar modos de exibição e configurações de hardware.
O formato tradicional do novo controle é diferente do original, e não há mais o Z trigger embaixo do dedo indicador; agora, existem dois Z triggers na parte superior do controle. O famoso “analogue wand” do N64 é incomparável, e eu estava cético em relação à capacidade do 8BitDo de reproduzir sua funcionalidade. Embora o stick não seja ruim, ele sente diferente ao jogar títulos clássicos.
Conectar até quatro controles 8BitDo 64 ao Analogue 3D é fácil, mas ainda sinto falta daquele design icônico de três garras. Mesmo que não seja essencial, a experiência de controlar jogos como o clássico “Bakuretsu Muteki Bangaiō” com o D-pad e o “analogue wand” era um dos encantos daquele tempo.
Análise do Analogue 3D: 3Dos
Ao ligar o Analogue 3D (que leva um demorado 20 segundos), você é saudado pelo 3Dos, uma interface personalizada criada exclusivamente para este sistema. O UI é dividido em duas seções, ‘Biblioteca’ e ‘Configurações’, onde você pode alternar usando os botões de ombro. A seção ‘Biblioteca’ é recheada com os jogos que você inicializa; graças ao banco de dados interno, ele reconhece cada cartucho e fornece informações detalhadas como número de jogadores, região, suporte a acessórios, desenvolvedor e ano de lançamento.
É possível adicionar sua própria arte personalizada para que, ao inicializar um jogo, uma imagem do cartucho e o rótulo específico da região sejam exibidos. No entanto, a Analogue enfatiza que isso não estará disponível no sistema padrão – você terá que procurar os arquivos por conta própria. Ao contrário de sistemas como o Polymega, não é possível fazer download de jogos para armazenamento interno do Analogue 3D; é preciso inserir o cartucho original para jogar.
Quando você carrega um jogo, o 3Dos oferece várias opções para ajustar sua experiência visual. A seção ‘Hardware’ deixa você configurar opções como o Virtual Expansion Pak e as configurações regionais. Existem também opções de ‘Processamento de Video Avançado’, que incluem De-Blur e um toggle para cores de 32 bits.
Análise do Analogue 3D: ‘Modos de Exibição Originais’
O menu ‘Modo de Exibição’ do 3Dos lida com filtros de tela – conhecidos como ‘Modos de Exibição Originais’ – que não podem ser ajustados globalmente. Cada jogo que você inicializa terá o filtro padrão ‘BVM’ habilitado, que replica o visual de um Monitor de Vídeo Broadcast, aplicando scanlines à imagem e introduzindo um suave efeito de bloom, tornando a experiência nostálgica. As opções adicionais incluem PVM e um filtro de CRT de nível consumidor, permitindo um ajuste mais granular.
Essa busca pela estética dos monitores antigos em TVs modernas é um grande desafio, mas os ‘Modos de Exibição Originais’ fazem um ótimo trabalho em capturar a essência das telas clássicas. Embora a variedade de opções seja impressionante, ainda desejo que fosse possível aplicar essas configurações de maneira global – quem sabe uma atualização futura resolva isso?
Análise do Analogue 3D: Desempenho
O Analogue 3D é construído com o chip FPGA Altera Cyclone 10GX, possibilitando uma emulação da performance original do N64 em nível de hardware. No papel, isso garante 100% de precisão, mas sempre há espaço para pequenos bugs ou incompatibilidades. Durante meu teste, joguei mais de 50 cartuchos diferentes no Analogue 3D e não consegui notar problemas significativos em como ele lida com os jogos. O console é multi-regional, aceitando cartuchos PAL e NTSC sem dificuldade – algo que não era possível no N64 original sem modificações.
O maior desafio que enfrentei foi o tempo. Encontrei vários cartuchos que não inicializaram, exibindo a mensagem ‘Cartucho Desconhecido’. A Analogue incluiu outros recursos interessantes, como almofadas de limpeza de contato para os cartuchos, e fiquei surpreso com a quantidade de sujeira que saía. Isso reforça a necessidade de manter jogos antigos em boas condições.
Em termos de qualidade de imagem, o Analogue 3D se destaca. O suporte HDR incorporado faz com que tudo pareça mais vibrante, e com as opções de filtro e imagem que você pode ajustar, o controle sobre como os jogos aparecem em sua TV HD é muito maior.
Análise do Analogue 3D: Overclocking
Um dos aspectos mais interessantes do menu de opções do Analogue 3D é o recurso experimental de overclocking. Com essa funcionalidade habilitada por padrão, o console ajusta automaticamente o desempenho, baseado em seus testes internos. Você pode escolher entre várias opções, mas os resultados podem variar, às vezes deixando a jogabilidade mais rápida ou sem diferença perceptível.
Os ganhos de performance são significativos, especialmente em jogos que exigem mais do hardware, como “Perfect Dark”, fazendo com que o Analogue 3D se torne uma maneira incrível de melhorar o desempenho em títulos mais lentos. Se você preferir, pode forçar o funcionamento na velocidade original do hardware, útil para corrigir problemas de performance em títulos específicos.
Análise do Analogue 3D: Conclusão
A espera pelo Analogue 3D foi cheia de expectativa, mas o produto final valeu cada segundo. Como todos os outros sistemas FPGA da Analogue, essa proposta é premium e eleva os jogos de N64 a um novo nível; a qualidade visual supera até mesmo as versões HDMI-modificadas do N64, que costumam custar muito mais. Além disso, a possibilidade de overclocking é um recurso único que torna a experiência ainda mais interessante.
As diversas opções visuais são um grande atrativo, embora fosse melhor ter filtros globais aplicáveis. Esse é um ponto menor, mas tenho certeza de que será endereçado em futuras atualizações de firmware. Além da limitada compatibilidade com cartuchos flash e da ausência de estados de salvamento, o Analogue 3D é meu jeito ideal de revisitar a biblioteca do N64 — e isso vem de alguém que já teve um N64 modificado com UltraHDMI por anos.
Se o N64 original era seu único ponto de referência, prepare-se para ser surpreendido — e, a $250, é uma opção mais acessível do que comprar um sistema modificado ou instalar um kit HDMI. No entanto, para quem já possui um N64 modificado ou está satisfeito com a emulação do Switch, pode ser mais prudente guardar seu dinheirinho. O grande desafio com o Analogue 3D será conseguir colocá-lo nas mãos; a primeira leva se esgotou rapidamente, e a Analogue é cautelosa em reabastecer o estoque. Mas, sem dúvida, é um console que vale a pena esperar.
Prós:
- Hardware de alta qualidade
- Excelente desempenho e precisão
- Variedade de filtros de tela
- Overclocking potencializa desempenho dos jogos N64
Contras:
- Algumas atualizações de firmware ainda são necessárias
- Compatibilidade com cartuchos flash é limitada
- Overclocking não funciona em todos os títulos
Nota: 9/10
