Quando você junta as palavras “rally” e “arcade”, é bem provável que a lembrança de Sega Rally Championship surja rapidamente na sua mente. O sucesso estrondoso de 1995 trouxe emoções de drift off-road para milhões de jogadores, mas definitivamente não foi o primeiro desse gênero nos fliperamas.
A série Drift Out da Visco começou alguns anos antes, mas com um detalhe marcante – ela utilizava tecnologia 2D em suas corridas, ao invés de 3D. Por causa disso, acaba sendo esquecida, o que é uma pena; ainda é muito divertida e, embora não tenha a realismo dos jogos mais modernos, consegue capturar bem a essência do rallycross.
A quarta coleção Polymega destaca a série da Visco, começando com Drift Out de 1991, que estreou nos fliperamas e rodava numa versão aprimorada da placa F1 da Taito. Com uma perspectiva vista de cima, o jogo apresenta um fundo que gira enquanto você acelera por cada pista, usando uma técnica semelhante ao efeito gráfico Mode 7 do SNES.
Visualmente, é incrível, mas a tela ‘TATE’ torna difícil prever o que está por vir, e realizar drifts com sucesso pode ser estressante devido às trilhas estreitas. Além disso, os carros rivais simplesmente circulam pelas pistas sem drifts, o que deixa tudo um pouco injusto. É um jogo de corrida agradável, mas a série evoluiria bastante a partir dessa fase.
Drift Out ’94: The Hard Order chegou em 1994 e claramente se inspirou no World Rally da Jaleco, que usava uma perspectiva isométrica. Os fundos giratórios de Drift Out foram eliminados, dando lugar a carros em CGI muito bonitos. Apesar das melhorias, Drift Out ’94 ainda apresenta alguns problemas; os carros são complicados de controlar nas curvas, pois não se reposicionam automaticamente ao sair dela – é necessário direcioná-los manualmente para seguir reto e evitar esbarrar em obstáculos.
Vale ressaltar que, enquanto o Drift Out original apresentava nomes e fabricantes de veículos fictícios, Drift Out ’94 conseguiu trazer nomes reais – pelo menos em sua versão de arcade. A ROM dessa coleção volta a usar nomes fictícios, assim, em vez de ‘Toyota’, você tem ‘Yotota’, e ‘Mitsubishi’ se transforma em ‘Bitsumishi’. Isso faz sentido, já que a detentora da licença da Visco, a Pixelheart, não deve ter os recursos para renovar contratos com essas montadoras.
Em 1995, a Visco lançou a única versão de Drift Out exclusivamente para consoles: Super Drift Out, que chegou ao Super Famicom/SNES. Retornando à pista rotativa do jogo de arcade de 1991, graças às capacidades de Mode 7 do console, Super Drift Out acaba sendo muito mais divertido e ainda conta com seu próprio criador de pistas. Embora tenha seus problemas – é fácil colidir com objetos nas laterais, comprometendo sua volta – é um joguinho bem divertido para sessões rápidas. Mais uma vez, assim como no Drift Out ’94, todos os carros do mundo real foram renomeados nesta versão.
A série atingiu seu auge com Neo Drift Out: New Technology em 1996. Com suporte do hardware Neo Geo da SNK, esse jogo é o resultado de todo o aprendizado da Visco. As versões Neo Geo MVS e Neo Geo CD estão incluídas aqui.
Os carros agora reposicionam-se após as curvas, a perspectiva ajusta-se para proporcionar uma boa visão da ação, e a experiência toda flui maravilhosamente. É o mais próximo que você pode chegar da adrenalina do rallysport sem usar uma visão 3D, oferecendo uma sensação de velocidade convincente. O único problema é a brevidade; não leva muito tempo para explorar tudo o que o jogo oferece, e há menos pistas e carros disponíveis do que nos títulos anteriores.
Talvez percebendo que uma coletânea só com jogos de rally poderia não ser suficiente para atrair os jogadores, a Playmaji decidiu incluir três títulos bônus: Goal! Goal! Goal! (um jogo de futebol para Neo Geo), Boogie Woogie Bowling (a versão original japonesa de Championship Bowling para Genesis/Mega Drive) e Great Boxing – Rush Up (um jogo de boxe para NES também conhecido como World Champ).
Nenhuns desses jogos são exatamente ‘os melhores de sua classe’, mas valem a pena ser conferidos e, se nada mais, são pequenos bônus interessantes. Great Boxing, por exemplo, permite que você ‘treine’ seu lutador à medida que avança nos rankings, enquanto Goal! Goal! Goal! é um simulador de futebol simples, mas divertido, especialmente com um segundo jogador na jogatina.
Com um total de sete jogos, essa coleção oferece bastante conteúdo para se manter ocupado, mas é difícil ignorar o fato de que, entre os jogos de Drift Out, apenas Neo Drift Out vai realmente prender sua atenção a longo prazo. Os outros títulos, embora sejam interessantes para os fãs da série, parecem mais testes para levar a Visco a chegar ao Neo Drift Out. Os jogos bônus, Boogie Woogie Bowling e Great Boxing – Rush Up, são legais, mas não essenciais.
No final das contas, esta coleção é uma das poucas maneiras de ter Neo Drift Out de forma legal (uma versão para Neo Geo CD foi lançada, mas nunca houve uma versão AES na época – a Pixelheart agora corrigiu isso e a incluiu na Visco Collection para Switch), e é ótimo ver os títulos anteriores voltando ao mercado.
Mas será que vale a pena adquirir apenas por Neo Drift Out? Isso depende muito de quão fã você é, na verdade. Aqueles que não são tão chegados em jogos de corrida 2D podem achar difícil justificar o investimento aqui, mas, na minha opinião, Neo Drift Out é um clássico absoluto, e tem sido uma alegria redescobri-lo por meio dessa coletânea.
