A ideia de importar videogames de outras regiões perdeu popularidade nos últimos anos, graças ao advento de softwares sem restrição regional e ao alinhamento das datas de lançamento, muito mais próximas do que eram há algumas décadas. Atualmente, muitos jogos são lançados no mercado internacional na mesma data, algo que era praticamente inexistente nas décadas de 80 e 90.
No passado, a importação de jogos e consoles do Japão era um grande acontecimento, especialmente porque os consumidores ocidentais muitas vezes tinham que esperar meses, ou até anos, para colocar as mãos nos mais recentes consoles e jogos. O mercado de “importações cinzas” se tornou tão robusto que a Nintendo of America se sentiu obrigada a publicar um alerta na edição de abril de 1991 da revista Nintendo Power, informando os fãs sobre os “riscos” relacionados a hardware e software não autorizados da Nintendo.
Naquela edição de abril de 1991 da Nintendo Power, a revista alertou os leitores sobre a importação de consoles Super Famicom japoneses. Vale destacar que o Super NES só seria lançado quatro meses depois, em agosto de 1991. O texto completo dizia:
Desde que a Nintendo of America Inc. anunciou, na CES de inverno, que lançaria um sistema Super Nintendo Entertainment System de 16 bits neste outono, os jogadores têm procurado nas lojas para descobrir como adquiri-lo. Na verdade, alguns jogadores não conseguem esperar. Em vez de aguardar a chegada do sistema dos Estados Unidos, estão comprando Super Famicoms japoneses que alguns revendedores importaram para os EUA ou Canadá ilegalmente. Embora concordemos que é um ótimo sistema, antes de sair correndo para comprar um, considere estes fatos:
– As instruções que acompanham o hardware e software não estão impressas em inglês.
– Grande parte do texto na tela dos jogos do Super Famicom está em japonês, não em inglês. Imagine tentar jogar jogos de RPG complexos sem entender o texto. Se você não souber o que está fazendo, não será muito divertido, e nossos Conselheiros de Jogo não poderão ajudar.
– Esses produtos não têm garantia e não há serviço de reparo autorizado disponível nos EUA ou Canadá.
– Como o Super Famicom não é fabricado para distribuição aqui, ele não atende às especificações estabelecidas pelo governo para nossa segurança. Não há garantia de que funcionará quando conectado, e não há centro de atendimento para onde você possa recorrer.
– Por último, mas não menos importante, lembre-se de que o sistema de 16 bits dos EUA estará disponível em poucos meses, e haverá muitos jogos a serem lançados. O software japonês importado não funcionará com o sistema dos EUA, e os novos jogos dos EUA não funcionarão com o Super Famicom.
O sistema de 16 bits dos EUA está a caminho—não acha que vale a pena esperar?
É interessante notar que a Nintendo of America viu a necessidade de publicar tal aviso, mas também é compreensível a preocupação legítima; um cliente ocidental que comprasse um Super Famicom poderia esperar o mesmo nível de suporte ao cliente da Nintendo em caso de problemas, algo que claramente não seria possível fora do Japão. Pode-se argumentar que produtos importados de outras regiões poderiam criar dores de cabeça tanto para o cliente quanto para a Nintendo.
No entanto, podemos imaginar que muitos importadores experientes não seriam desencorajados por um aviso desse tipo. Os primeiros adotantes que conseguiram sistemas e jogos do exterior estariam plenamente cientes de que não receberiam suporte pós-venda da NoA; a vantagem seria a possibilidade de ter acesso a itens antes de todo mundo e jogar títulos que, de qualquer forma, nunca seriam lançados no Ocidente.
Você se lembra desse aviso na Nintendo Power? Isso fez você desistir da ideia de importar ou o alertou sobre o assunto? Deixe seu comentário abaixo.