Recentemente, Tokihiro Naito, o criador do influente jogo de RPG japonês Hydlide, revelou em suas redes sociais as dificuldades que tem enfrentado ao tentar encontrar emprego na faixa dos 50 anos devido à discriminação etária no Japão. Em um post no Twitter/X, Naito compartilhou que, ao se deparar com o desemprego nessa fase da vida, teve dificuldades em conseguir trabalho na indústria de jogos, com a maioria das rejeições destacando sua idade como um fator. As raras oportunidades de entrevista que surgiram pareciam mais uma chance de conhecer Naito do que um interesse genuíno em contratá-lo.
Foi somente por meio de suas conexões pessoais dentro do setor e um toque de sorte que Naito conseguiu uma vaga na M2 Co. Ltd, onde atualmente atua como diretor. Ele descreveu sua situação assim: “Quando estava prestes a ficar desempregado aos 50 anos, após meu contrato não ser renovado, me candidatei a quase cem empresas. Cerca de 90% das minhas candidaturas foram negadas na fase de análise de documentos. O motivo sempre era a minha idade. Não olhavam para minhas habilidades”.
Esse relato chamou bastante atenção nas redes sociais japonesas, com outros desenvolvedores, inclusive ex-colegas da T&E Soft, compartilhando suas próprias experiências de discriminação etária na indústria. Hiromasa Iwasaki, um veterano do setor, enviou uma mensagem a Naito, afirmando: “Depois dos 50, basicamente, as únicas empresas que te entrevistam, independentemente da idade, são estúdios internacionais, com algumas exceções. O projeto em que estou agora eu consegui através de um conhecido. Para ser honesto, acredito que a discriminação etária é clara no Japão”.
Alguns especialistas apontam que esse problema surge da falta de “leis explícitas ou punições que enfrentem a discriminação etária pelos empregadores”, além de uma cultura forte em torno da senioridade, que leva muitos empregadores a hesitarem em contratar subordinados mais velhos que seus próprios gerentes. Acredita-se que essa questão não seja tão prevalente em outros lugares, mas, segundo aqueles com quem conversamos, isso pode não ser verdade.
Nos últimos anos, entrevistamos diversos veteranos da indústria de jogos, tanto do Reino Unido quanto dos Estados Unidos, que admitiram esconder experiências anteriores em plataformas como o LinkedIn, temendo preconceito ao serem considerados para vagas. Personalidades como David Mullich e Larry Kuperman também expressaram publicamente suas experiências com o etarismo no passado.
Esse cenário traz à tona a necessidade de reflexão sobre como tratamos aqueles que moldaram a história dos games e como podemos valorizar sua contribuição, independente da idade. Afinal, cada sprite, cada pixel construído por essas mentes brilhantes continua a viver em nossos corações nostálgicos.
