Enquanto as grandes marcas de smartphones estão focadas em tornar seus dispositivos mais tecnológicos, integrando recursos de inteligência artificial em seus modelos mais avançados, um segmento de consumidores, composto predominantemente por millennials e membros da geração Z, está seguindo uma tendência oposta e optando por aparelhos menos sofisticados: os dumbphones.
Conhecidos no Brasil como celulares básicos, esses dispositivos não são, de fato, “burros”, como o termo em inglês pode sugerir. Na verdade, eles possuem funcionalidades bem mais limitadas do que os smartphones tradicionais.
Esses aparelhos geralmente oferecem apenas funções básicas, como fazer chamadas e enviar mensagens de texto, além de recursos simples como rádio FM ou calculadora. Eles não têm acesso à internet e não suportam aplicativos ou funcionalidades semelhantes.
“Nosso market share com telefones flip dobrou no último ano, o que é extremamente significativo para nós. Observamos um crescimento notável na Europa”, declarou o diretor de marketing da Nokia Phones e da HMD Global, Lars Silberbauer, à Euronews Next.
A decisão de voltar a usar esses dispositivos não significa abrir mão totalmente dos smartphones, que se tornaram essenciais em muitos aspectos da vida cotidiana. O foco é simplesmente desconectar-se, transferindo o chip dos aparelhos modernos para companheiros do passado.
Dessa maneira, as pessoas continuam disponíveis para receber e fazer chamadas, mas conseguem reduzir a pressão das redes sociais em suas vidas.
Por que os jovens buscam desligar-se mais?
Segundo Silberbauer, a redescoberta dos dumbphones se relaciona com uma crescente conscientização entre os jovens sobre os efeitos prejudiciais da tecnologia em sua saúde mental. “As redes sociais estão baseadas no Fomo (medo de perder algo),” comentou um adolescente de 16 anos à BBC.
Um estudo realizado em 2023 na Escola de Saúde Pública T.H. Chan da Universidade de Harvard vai ao encontro dessa ideia, apontando uma conexão entre a utilização de redes sociais e a saúde mental dos adolescentes. Pesquisas semelhantes sugerem que o uso constante dessas plataformas ativa as mesmas áreas do cérebro que são estimuladas pelo consumo de substâncias viciantes.
Além das questões de saúde, há também a questão da saturação: “Você pode notar isso em certos grupos da geração Z – eles estão saturados de telas”, afirma Jose Briones, defensor dos dumbphones, em entrevista à CNBC.
Nostalgia dos anos 90?
Outro fator que pode explicar o retorno dos dumbphones é a nostalgia. Os millennials, que antes eram considerados jovens, agora estão amadurecendo e frequentemente se deixam levar por uma saudade idealizada do passado, algo que é explorado nas campanhas de marketing.
Enquanto isso, a geração Z, que cresceu na era das telas, pode estar desejando experimentar um passado menos complexo que nunca viveu. Esse desejo por simplicidade também é visto em jogos de videogame de estilo retrô, como os remakes de “Crash Bandicoot N. Sane” e “Spyro Reignited”, que apresentam jogabilidade mais simples.
“As pessoas desejam voltar ao início dos anos 2000 ou aos anos 1990; isso evoca uma lembrança de um tempo mais feliz, uma época em que tudo parecia um pouco mais simples,” observa Silberbauer, com esperanças de que essa sensação perdure.
Dumbphones que estarão em alta em 2024
A parte interessante de explorar opções de celulares básicos, ou dumbphones, é que não há a necessidade de se preocupar com especificações como pixels, resolução, processador, memória RAM ou conexões.
Isso ocorre porque, nesses dispositivos, não há muito a ser analisado, exceto descobrir qual deles tem o preço mais acessível e algumas funcionalidades direcionadas a diferentes públicos, como os mais velhos. Confira alguns modelos:
Nokia 110, o modelo básico
Lançado ao final do ano passado no Brasil, o modelo básico da Nokia, Nokia 110, é um típico dumbphone, ideal para quem deseja se desvincular das redes sociais, mas que ainda busca uma dose de nostalgia.
Para reforçar essa sensação nostálgica, o aparelho já vem com cinco jogos clássicos, incluindo “Snake”, “Football Cup” e “Doodle Jump”.
Outro aspecto que relembra o passado é a durabilidade, com um recurso de economia de bateria, que permite até 12 dias de utilização em modo de espera.
Multilaser Flip Vita
O Flip Vita da Multilaser é voltado não para a geração Y ou Z, mas sim para o público mais velho. Seu teclado amplo facilita a digitação, tornando-o perfeito para pessoas mais idosas, especialmente aquelas que têm dificuldades visuais.
Um recurso importante é que o aparelho pronuncia os números digitados e possui um botão de emergência na parte traseira que realiza a chamada para um número pré-definido pelo usuário.
Positivo P28
Com um design retrô, o Positivo P28 traz alguns diferenciais para o público idoso, como a tela de 2,8 polegadas e um teclado anatômico com teclas de grandes dimensões.
Além disso, ele é classificado como um feature phone, pois apresenta algumas funcionalidades extras em comparação aos dumbphones, como acesso limitado à internet, uma câmera simples, rádio FM e suporte para cartão de memória.
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