Imagem: Capcom Quando as pessoas no passado falam sobre as inspirações por trás da série de jogos de luta de arcade da Capcom, Street Fighter, geralmente mencionam o papel de Spartan X da Irem (mais conhecido como Kung Fu Master na América do Norte) — e com boas razões. Ambos os jogos tiveram a participação do criador de Street Fighter, Takashi Nishiyama, que já citou o título em várias entrevistas como um dos principais fatores que o levaram a sugerir o projeto. Contudo, parece que há outra inspiração menos conhecida para o jogo que muitas pessoas ignoraram ao longo das décadas — uma que só recentemente veio à tona graças a uma entrevista da revista Gamest com Nishiyama de 1987, recentemente traduzida pela equipe do Shmupulations.
Finalmente, temos uma entrevista vintage sobre Street Fighter de 1987! A conversa abrange comentários sobre o design de personagens, suas inspirações e os desafios de criar o gabinete com botões pneumáticos únicos. No passado, nossa compreensão sobre as origens de Street Fighter era que Nishiyama estava divagando em uma reunião de trabalho quando começou a pensar sobre como seria interessante construir um jogo baseado nas lutas contra os chefes de Spartan X, anotando algumas ideias em um bloco de notas. Essas anotações seriam então usadas para criar “um documento de design para convencer os superiores da Capcom a aprovar o jogo”, que eventualmente colocaria a Capcom no caminho para projetar e desenvolver o jogo de arcade, antes de seu lançamento em 1987. Contudo, na entrevista da Gamest, Nishiyama apresenta uma versão levemente diferente da história, creditando a um jogo eletromecânico inicial a “gênese da ideia”.
Ao falar sobre como o jogo deveria ser, Nishiyama disse à revista Gamest: “Eu estava apenas viajando, pensando em ideias de jogos aleatórias. Naquela época, havia uma máquina de arcade eletromecânica onde você fazia cortes de karatê para quebrar tijolos. Eu estava me perguntando se poderíamos transformar isso em um videogame. Essa foi a gênese da ideia de Street Fighter.”
Pesquisando online, encontramos um jogo que parece corresponder a essa descrição: The Karate, lançado em 1980 pela ESCO Trading Co., que apresentava pads sensíveis à pressão que os jogadores podiam cortar com movimentos de karatê para testar sua força e contar quantos blocos conseguiriam quebrar. Parece que Nishiyama acabou se inspirando nesse título, utilizando-o como base para desenvolver o esquema de controle da versão deluxe do gabinete de Street Fighter, onde o jogador usava dois pads de borracha sensíveis à pressão para controlar a intensidade de seus chutes e socos. Isso também parece ter influenciado a inclusão de mini-jogos de quebra de blocos, que podiam ser jogados para ganhar pontos extras.
Nishiyama contou à Gamest sobre essa decisão: “Eu não acho que ainda exista um videogame que capture realmente a sensação de esportes e atletismo. Os centros de jogos muitas vezes tinham uma atmosfera sombria em que você jogava sozinho, mas eu estava pensando que seria bom ter um jogo que fosse muito mais alegre, algo no qual você pudesse liberar catarticamente sua força e poder. Além disso, acredito que naquela época a Capcom estava pensando em criar jogos de arcade de grande gabinete…”
Você pode ler o restante da entrevista traduzida aqui. Ela também inclui a participação da Atari no design dessa versão única do gabinete baseada em botões pneumáticos e alguns dos desafios que enfrentaram para torná-lo realidade, desde mãos inchadas até componentes desconectados.