Nos tempos em que os fliperamas eram o ápice da tecnologia dos jogos, a qualidade das conversões para consoles caseiros poderia transformar um sucesso em um fracasso para os gamers mais exigentes. Durante a era do NES, as adaptações de jogos de arcade quase sempre deixavam a desejar em aspectos visuais e sonoros, além de, frequentemente, sofrerem com jogabilidade inferior, devido às limitações do hardware. Contudo, a chegada do PC Engine em 1987 mudou essa história; esse sistema doméstico trouxe uma experiência muito mais próxima da vivenciada nas máquinas de fliperama — e, no ano seguinte, a Sega superou isso com seu console Mega Drive, trazendo clássicos como Golden Axe, After Burner II e Super Monaco GP.
Quando o SNES fez sua aparição, uma verdadeira batalha pela supremacia nas conversões de arcade estava em movimento. O porto de Final Fight para o SNES, embora carecendo de elementos essenciais do original, ainda assim possuiu a melhor versão de Street Fighter II por um longo tempo, garantindo uma vantagem considerável sobre seus concorrentes. Outro jogo que marcou a chegada dos jogos “com qualidade de arcade” em casa foi Ghouls ‘n Ghosts, da Capcom. Lançado em 1988 nos fliperamas com a placa CPS-1, rapidamente se tornou um sucesso comercial e foi portado para diversas plataformas domésticas.
A conversão de Ghouls ‘n Ghosts para o Mega Drive, realizada por Yuji Naka e desenvolvida sob licença da Capcom, chamou a atenção ao ser lançada em 1989; embora não fosse perfeita como a versão de arcade, estava tão próxima que era difícil perceber a diferença sem ter os dois rodando lado a lado. Porém, esse port impressionante foi superado um ano depois, quando a NEC Avenue o converteu para o infeliz PC Engine SuperGrafx em 1990. Lançado em 1989 para competir com o hardware de 16 bits da Sega, o SuperGrafx acabou sendo um fracasso comercial, com apenas cinco jogos dedicados lançados para ele.
Ainda assim, a versão do SuperGrafx permanece como um marco notável — muitos a consideram a melhor conversão da época, com visuais e animações mais precisas (ela também está disponível no PC Engine Mini, se você quiser dar uma olhada). Embora coleções posteriores tenham trazido o original de arcade para consoles domésticos via emulação, a versão do SuperGrafx é muito respeitada, e o modder turboxray está determinado a torná-la ainda melhor.
“Agora é o momento certo para dar um pouco de amor ao SuperGrafx,” comentou o modder nas redes sociais. “Vou iniciar um repositório público para hacking de Ghouls ‘n Ghosts. Qualquer um poderá acompanhar (e contribuir também).” Ele mencionou que a comunidade de players e modders é maior agora do que nunca, com o aumento do número de donos do hardware original do SGX.
A primeira ação de turboxray foi atualizar a resolução do port do SuperGrafx para a plena 384×240, alinhando-a com a versão do arcade. Além disso, ele aprimorou a ROM para utilizar um mapeador superior, aumentando a qualidade gráfica. Isso permitirá que os modders injetem elementos do arcade na versão do SuperGrafx do jogo, aproximando-a ainda mais do original de 1988. Esses avanços se tornam possíveis hoje em dia porque, em 1990, a NEC Avenue tinha limitações na memória ROM de cada HuCard.
“Para acomodar TODAS as animações e detalhes no HuCard original, eles comprimiram os gráficos ao máximo,” explica turboxray. “99% dos sprites utilizam cores de 3 bits (7 cores). Os tiles de primeiro plano também usam cores de 3 bits e até alguns tiles de 2 bits (3 cores). E o fundo? Quase exclusivamente de 2 bits (4 cores dessa vez).”
O trabalho do modder já foi testado em hardware original e em emulação. À medida que o projeto avança, sem dúvida veremos esse impressionante port caseiro se tornar ainda mais fiel ao jogo original. Se você quiser participar, é só entrar em contato com turboxray.
