Capcom, sem dúvida, não enfrenta problemas financeiros atualmente e tem se mostrado bastante eficiente em manter seu vasto catálogo de jogos em destaque, seja com novas edições (como Street Fighter 6) ou com coleções retrô (como Capcom Arcade Stadium e Capcom Fighting Collection 2). No entanto, considerando a longa história da empresa, há várias franquias e propriedades intelectuais que os fãs acreditam que poderiam ganhar uma nova chance, e, na verdade, quase tivemos alguns reboots oportunos há cerca de uma década.
Relembre 2014, quando muitos se lembram do excelente reboot de Strider, desenvolvido pela Double Helix. Trata-se de uma rara ocorrência em que o estúdio entendeu perfeitamente o que tornava os jogos originais tão cativantes. Em sua estreia no PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e PC, Strider recebeu críticas positivas, levando muitos a acreditar que poderia marcar o início de uma colaboração frutífera entre a Capcom e o estúdio californiano, que foi fundado em 2007 com a fusão da The Collective e da Shiny Entertainment.
Em conversa com a Time Extension, Tony Barnes, co-diretor do jogo em conjunto com Koji Oda da Capcom, revelou que quase tivemos uma série de outros reboots da Capcom. Barnes explicou que, logo após o lançamento de Strider, a Double Helix propôs uma variedade de títulos. “Fazia sentido para eles entregar à nossa equipe uma propriedade adormecida, ou pelo menos, como alternativa, para fazermos um Strider 2,” disse ele. “Strider 2 era apenas um documento de uma página que dizia: ‘Faça isso, faça aquilo, melhore isso’. Não foi muito explorado porque acreditamos que era melhor concentrar nossos esforços em outras propostas que não eram garantidas.”
Essas propostas incluíam alguns dos mais famosos títulos inativos da Capcom, e que teríamos adorado ver a Double Helix desenvolvendo. Contudo, havia uma franquia que estava fora de cogitação. “Lembro que nosso chefe queria Mega Man, pois, do ponto de vista comercial, isso fazia sentido — é uma das maiores propriedades deles,” disse Barnes. “Mas, do ponto de vista de um criador de jogos, fã, e alguém que jogou Mega Man desde o começo, eu não queria mexer no Blue Bomber porque havia muito peso e bagagem, e a base de fãs é bastante dividida. Eu disse a eles que o melhor que poderíamos fazer provavelmente seria um jogo do [Mega Man] X, que faria sentido porque Strider é muito similar a X.”
Barnes estava mais interessado em reviver outros clássicos da Capcom. “Eu realmente gosto de Black Tiger e acredito que há muitas oportunidades perdidas ali para fazer um jogo 2.5D de run-and-gun,” nos disse ele. “E eu sabia que se trabalhasse em algo como Black Tiger ou Forgotten Worlds, que é outro dos meus favoritos, me deixariam em paz — meio que como aconteceu com Strider. Seria como, ‘Oh, você trabalha naquela coisa ali, não sei o que é’.”
No entanto, parece que as propostas que avançaram mais foram Power Stone e Final Fight, e mesmo assim, Barnes tinha suas reservas. “Os outros títulos que discutimos intensamente e que foram mais adiante nas conversações foram Power Stone e Final Fight, e estávamos realmente inclinados a Final Fight. Mas meu problema com Final Fight é que está tão cheio de clichês neste ponto, que se você o aprimorar demais, não será mais Final Fight. Mas se você for fiel demais ao Final Fight, então é apenas mais um Final Fight. Existem milhões de jogos que são parecidos com Final Fight. Assim, a questão para mim era: ‘O que eu poderia acrescentar ao Final Fight que realmente justificasse sua existência e não irritasse todos os fãs?’ O que eu imaginei foi que eu realmente queria usar elementos de Street Fighter IV, porque queria que tivesse essa aparência.”
“Então, basicamente, você estaria seguindo uma ação tipo Final Fight/Streets of Rage, mas tudo com a estética e proporções de Street Fighter IV, com os traços e tudo mais. Eu pensei que, ao menos, assim estaríamos aprofundando a marca da Capcom, e tudo faria parte do mesmo universo.”
Infelizmente, tudo isso não se concretizou após a compra da Double Helix pela Amazon em 2014; logo depois, o estúdio foi absorvido pela Amazon Game Studios. “A Double Helix foi comprada pela Amazon e não pudemos trabalhar com outras propriedades intelectuais,” lamentou Barnes. “Daí a razão pela qual [Killer Instinct] foi enviado para a Iron Galaxy, e por que não houve Strider 2, Final Fight ou Forgotten Worlds.”
